segunda-feira, 4 de novembro de 2013

A Armênia e o esporte ocidental

Nerds costumam ter simpatia gratuita por algumas nações. Muita gente gosta de outros países por ter boas experiências de vida, turísticas ou não, nestes países. Ou por ser bem tratado por seus povos ou descendentes deles. Fique bem compreendido que aqui falamos apenas de países dos quais gostamos não levando em conta as razões mencionadas.

Como eu sou nerd, tenho minha quota, claro. Apesar de gostar da culinária dos três, por exemplo, tenho muita simpatia pela Sérvia (e pela sua antecessora, Iugoslávia), pelo Uruguai e pela Armênia.

Como um comentário que fiz sobre o holocausto armênio no excelente blog www.xadrezverbal.com, é a nação do Cáucaso o tema de hoje.

Apesar de ser um país pouco populoso e visitado por pouca gente deste lado dos Urais, a Armênia tem uma influência muito grande na cultura Ocidental. Foi, por exemplo, um dos primeiros países oficialmente cristãos do mundo, disputando a primazia com a Etiópia e seus coptas. Os armênios eram um Império independente à época de sua cristianização, há 1.700 anos, ainda que sob influência dos Impérios Romano e Persa.

Tem um alfabeto próprio, um legado literário todo particular, uma culinária interessantíssima e que não é uma mera derivação das cozinhas do Oriente Próximo ou turcas que muita gente prega. Há, inclusive, alguns representantes na Cidade de São Paulo, dos quais destaco, sem medo, a Casa Garabed, escondida numa rua residencial de Santana, aonde comi as melhores esfihas de minha curta passagem na Terra.

Mas neste post, falarei sobre dois temas bastante específicos: esportes e música. E o raro leitor pode perguntar: mas que porra os armênios fizeram pelo esporte ocidental?

Pois bem, representantes da diáspora armênia estão entre os maiores expoentes em alguns esportes com grande número de seguidores. Comecemos pelo exemplo mais conhecido pelos brasileiros, o grande rival de Ayrton Senna e Nelson Piquet, Alain Prost.




 
Francês, o "professor" é filho de uma imigrante armênia e fala o idioma caucasiano sem grandes problemas. Tetracampeão mundial e segundo maior vencedor de corridas da história da Fórmula 1, Prost é considerado por especialistas o piloto intelectualmente mais brilhante da história da categoria. Por seu sobrenome não trazer o característico "ian" (seu sobrenome armênio seria Karatchian), o grande público não liga Prost à Armênia.

Passando a outro esporte de grande alcance, temos no tênis um ícone e um grande jogador de ascendência armênia: trata-se de André Agassi e David Nalbandian (os dois primeiros em pé da esquerda para a direita na foto abaixo).




Nalbandian não chegou a vencer um Grand Slam, apesar de ter vencido torneios da segunda categoria mais importante no circuito profissional de tênis. Perdeu em Wimbledon, na final para Lleyton Hewitt, ainda no começo da carreira e, depois, consagrou-se como um jogador extremamente habilidoso e, por vezes, fez grandes partidas, especialmente contra Roger Federer, apesar de sua barriga proeminente.

Já André Agassi é um dos maiores da história do esporte. Rebelde, talentosíssimo, vencedor, o carequinha (ou perucado) jogador é filho de um armênio que primeiro se refugiou no Irã e depois mudou-se para os Estados Unidos. O pai de Agassi foi seu principal incentivador e treinador no começo da carreira e, curiosamente, era praticante do esporte no qual a Armênia, como país, conseguiu seus melhores resultados: o halterofilismo.

Por fim, passemos ao esporte mais popular do mundo: o futebol. Durante a era soviética, era normal ao menos um jogador armênio fazer parte dos 22 CCCP; entretanto, após a separação, com exceção das atuais Eliminatórias, aonde fizeram boa imagem especialmente graças ao habilidoso meia Henrikh Mikhtaryan, do Borussia Dortmund, a Armênia tem resultados pífios, normais para um país recentemente emancipado, de população pequena e cujas riquezas naturais não são exatamente prodigiosas.

Por outro lado, a seleção francesa de 1998 tinha dois descendentes de armênios: Youri Djorkaeff e Alain Boghossian. Djorkaeff era mais conhecido e, também, melhor tecnicamente. Tinha também o fato, que pode ser relembrado por jogadores de FIFA, de ser um dos poucos a não licenciar o uso de seu nome nas edições de 99 e 2000 do jogo, nas quais ficou conhecido simplesmente por Six (o número que usava, em francês). Boghossian era habilidoso, jogou em alguns bons times, como o Parma do final da década de 1990, mas sofreu muito com contusões. Em jogo comemorativo recente, mal conseguiu correr, apesar de ainda ser jovem, graças a inúmeras operações, algumas delas mal sucedidas.



Gostou do post? Comente, seus comentários e sugestões são muito bem vindos. Ainda durante a semana, mais dois posts sobre a Armênia. E nenhum deles será sobre a antiga estação da Ponte Pequena do Metrô de São Paulo
        


2 comentários:

Blog do James disse...

Excelente post! Espero que venham outros! Abraços i

Anônimo disse...

Nossa, não fazia mínima ideia do Prost, nem do Djorkaeff. Muito bom, fico na espera, e manda bala no blogue!

Abração!